Exu e a Ancestralidade
Ancestralidade é uma palavra que remete aos antepassados, à
linha de descendência hereditariedade biológica. A ancestralidade mapeada
através do DNA pode ter conexões maternas, paternas e biogeográficas,
entretanto, entendemos que ancestralidade é uma ligação muito mais profunda e
ampla do que a definição costumeira que visa mapear códigos situando-os no
tempo/espaço.
Segundo nosso entendimento, a ancestralidade dos adeptos da
Quimbanda Brasileira tem uma profunda conexão com as raízes da espiritualidade.
Cremos que nossa ancestralidade espiritual vem de duas fontes: Através da nossa
formação espiritual primal e da diversidade energética que emanamos ao longo de
nosso ciclo reencarnatório. Através dessas duas fontes atraímos espíritos que
emitem energias em mesmo grau, ou seja, ainda que certos impulsos sejam
desconhecidos para nós, no plano astral estão bem direcionados e atraem
similares. Isso faz com que nossa ancestralidade não esteja presa apenas ao
mapeamento genético e sim à vibração energética. Dentro dos conceitos do
paganismo encontramos o entendimento que a ancestralidade está fortemente
conectada à Tradição, ou seja, as conexões provêm de laços energéticos
existentes nas egrégoras, por tal motivo, ocorre a necessidade de uma iniciação
formal e apresentação aos antepassados.
Os espíritos cultuados na Quimbanda nem sempre deixaram na
Terra uma herança espiritual passível de adoração. Entretanto, a ancestralidade
se mistura com o procedimento de resistência aos processos de colonização, em
especial, nas lutas contra a escravatura (nativa e africana) e os quilombos.
Também acreditamos que a resistência tenha um âmbito interno em tais seres,
pois, os mesmos lutaram contra valores morais e éticos em determinada época
estabelecendo padrões energéticos particulares e diferenciados.
Quando um neófito adentra no culto da Quimbanda Brasileira,
a energia que vibra em seu campo atrai para perto de si espíritos
correspondentes que farão o papel de mentores espirituais na jornada evolutiva.
Existem casos especiais onde esses mentores já acompanham o adepto mesmo antes
do mesmo seguir sua evolução através do culto de Exu, entretanto, não é essa a
regra. A maioria das pessoas ao longo da vida recebem direcionamentos emanados
por diversos Exus até que estejam aptas a receber a bênção de seu Mentor
pessoal. Outro aspecto importante a variante energética entre Casas/Templos que
podem determinar os mentores de um adepto. Por exemplo: Um jovem busca num
terreiro de Umbanda o nome de seus mentores Exus e recebe de um "guia” um
determinado nome. Em uma casa de quimbanda pode ser o mesmo exu ou poder ser
outro pois a vibração da egrégora ancestral não é a mesma. Isso causa um grande
desconforto nas pessoas que buscam informações acerca de seus mentores, mas o
que citamos é uma verdade oculta a grande maioria das pessoas envolvidas nos cultos
afro-brasileiros. Para termos certeza acerca de quem nos tutela, devemos
escolher um caminho evolutivo conhecer a egrégora desse ambiente e, tendo
compatibilidade, trilhar até ter convicção.
Portanto, a Quimbanda Brasileira entende que toda nossa
ancestralidade está fortemente conectada com a energia que vibramos ao longo da
jornada material. Nossos parentes consanguíneos são nossos ancestrais
biológicos, entretanto segundo nosso entendimento, suas energias não
influenciam nossas vidas da mesma maneira que nossos ancestrais conectados à
espiritualidade. Podem existir casos de ancestrais genéticos estarem nas
correntes de Exu, todavia, nem sempre os mesmos nos acompanham como mentores e,
se nos acompanharem, o que determina o fortalecimento dessa união não é a genética
ou algum resquício sentimental, pois quando um espírito é levado às sendas de
Exu para que possa evoluir, toda ligação carnal e sentimental é arrancada de
si. Todo Exu tem conhecimento de sua história ao longo das vidas, porém,
nenhuma forma de aprisionamento carnal habita em suas essências, pois se assim
não fosse, não burlaria a Lei de Reencarnação.
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