domingo, 3 de março de 2019

Quimbanda audiobook parte 11











A Hierarquia de Exu

Os antigos livros que relatavam a hierarquia de Exu, sob nosso ponto de vista, são contaminados pela mentalidade "diabólica crista" dos escritores umbandistas que correlacionavam os “Exus-Egúns” com demônios descritos nos “Grimórios Inquisitores”. O tempo passou, mas o conceito continua contaminado, afinal, escritores mais modernos, mesmo tendo acesso a uma gama muito maior de material para estudo, alegam que os Exus são os mensageiros desses demônios e que possuem livre acesso pelos domínios dos mesmos.
A Quimbanda Brasileira tem verdadeira quizila de tais escritores pelo retrocesso espiritual que impingiram na sociedade mundial. O erro está tão entranhado que dificilmente será revertido, porém, nossa gnose nos permite lutar contra esse absurdo através da palavra que liberta os homens: A Sabedoria!
Demônios são inteligências que não possuíram existência encarcerada nos invólucros materiais. Não são “presos” na rede de reencarnações e na sua grande maioria, são grandes espíritos demonizados pelas igrejas ao longo do processo de conquista territorial, afinal, um Deus vencido na guerra torna-se o culpado por todo sofrimento de seu povo e, posteriormente, ocupa lugar nas trevas destinadas aos demônios.
Entendendo esse conceito, fica difícil correlacionar espíritos humanos que se elevaram nas correntes de Exu e Demônios. Algumas características podem até ser similares, porque antes dos Exus serem demonizados, erroneamente existiu a classificação dos Demônios por atributos materiais e esotéricos. Percebemos que o contato com os demônios pode ocorrer nos planos astrais e, dependendo do grau evolutivo que o espírito esteja, advém um aprendizado muito valioso. A Quimbanda Brasileira crê que antigos deuses obscurecidos capacitam os Exus suportarem o acúmulo de matéria mental negativa e usarem essas energias para a ascensão de seus domínios e poderes.
Antes de adentrar na hierarquia de Exu, devemos compreender a formação e o funcionamento dos sete primeiros “Tronos" passivos e ativos. Antes de tudo, vale ressaltar que os Sete Reinos da Quimbanda foram compostos após a formação do mundo material como figura de embate ao cíclico sistema cósmico de reencarnação e escravismo das almas ígneas. “Maioral” é um Ser criado a partir de um grande esforço feito pelos regentes supremos dos quatro elementos que rasgaram e separaram suas próprias essências para então reuni-las sob a forma de um Grande Imperador.
A função primordial de sua existência é proporcionar o desequilíbrio no frágil ordenamento através da escalada espiritual dos espíritos obscuros dentro dos espaços astrais denominados “Sete Reinos da Quimbanda”.
Muitos espíritos já se manifestaram nas correntes espiritualistas com o nome de Maioral, entretanto, todos esses espíritos são parte de um engendrado sistema ilusório imposto para fazer o "Sagrado Nome” ser desacreditado e escarnecido pelos que buscavam forças dentro do culto aos espíritos da noite. Essa estratégia de contenção fez com que a verdadeira essência de Maioral fosse esquecida e que a Quimbanda se transformasse em uma religião marginalizada.
Uma informação muito importante a todos os adeptos é que Maioral jamais saiu de seu Trono! Os que alegam incorporá-lo ou são charlatões ou são esquizofrénicos alimentados por grupos de analfabetos espirituais.
Como Maioral possui as duas polaridades dentro de sua composição (dinâmica e receptiva), após um longo tempo de preparo, desdobrou-se como em um processo de meiose- formando os sete primeiros “Tronos” da Quimbanda. Esses sete primeiros seres são chamados de “Grandes Reis”. Esses, desdobram-se formando suas consortes: As sete "Grandes Rainhas”.
Grande Rei e Rainha das Encruzilhadas; Grande Rei e Rainha do Cruzeiro; Grande Rei e Rainha das Almas; Grande Rei e Rainha da Kalunga; Grande Rei e Rainha das Matas; Grande Rei e Rainha da Lira; Grande Rei e Rainha das Praias.
Através dos incessantes impulsos construtivos e destrutivos provindos da consciência do Imperador Maioral, esses casais foram formando e modelando os Reinos e Sub-Reinos da Quimbanda. Estabeleceram novos "Tronos” subalternos e iniciaram a busca pelos espíritos que iriam compor essa armada. Dentro do próprio campo astral, foram selecionados espíritos que possuíam a chama negra, chamada de “Luz Luciférica”, para serem os pilares dessa expressão religiosa fragmentada. Esses espíritos receberam toda gnose que compunha os Grandes Reis tornando-se "Poderosos Mortos”.
Os "Grandes Reis e Rainhas” nomearam os "Poderosos Mortos” para regerem, evoluírem e prepararem uma “nova religião” que se infiltraria dentro de todas as vertentes afro que estavam em formação no território brasileiro. A Quimbanda, não é apenas a corrupção gráfica da palavra “Kimbanda”, derivada do dialeto
Quimbundo ou a decomposição de outra religião, a Quimbanda foi a “Porta Astral” que as forças de embate encontraram para se infiltrar e exercer seus impulsos visando a libertação das almas encarceradas.
Alguns umbandistas vislumbraram esse abalo espiritual e tentaram relatar em suas obras, todavia, com suas visões limitadas pelos véus da cósmica ignorância, não entenderam a real função dessa corrente libertadora. Um exemplo disso está na obra de um umbandista que usa a alcunha de “Mestre Itaoman" - “Pemba: a Grafia Sagrada dos Orixás” que em um dos seus trechos relata:
"Ergueu-se, assim, dos confins do Reino das Sombras, sob o impulso do ódio de uma das partes e da maldade da outra, do sangue derramado pelos dois lados, uma “Corrente Maléfica”, que atraiu os piores Magos Negros de todas as épocas, formando-se a “Kimbanda", que é o ponto de perversidade das raças martirizadas.”
A Quimbanda não se trata apenas de uma corrente maléfica que elegeu um culto à perversidade como o autor descreveu. O “mal” que habita na Quimbanda é usado como valor positivo, pois entendemos que os valores éticos e morais, estabelecidos ao homem como “boas virtudes” são formas escravistas ante evolutivas, causadoras de distúrbios comportamentais irreparáveis. A maldade, sob nosso entendimento, trata-se de uma expressão de força interior. As religiões estagnadas em códigos e regras "caídas” efetuam uma “lavagem cerebral” e tornam humanos em apáticos corpos desprovidos de essência. A perversidade, do latim “perversitas.atis”, é um impulso selvagem que tende corromper estruturas sólidas. Não se trata de um conceito simplista e sim da faculdade de usar todos os recursos e formas energéticas para alcançar objetivos. A Quimbanda usa dessa perversidade em alguns aspectos, entretanto, os impulsos perversos que tendem a anomalias como a mentira compulsiva, dissimulação, inveja e ao alto índice de narcisismo são arduamente combatidas pelos Mestres da Quimbanda.
Outra visão limitada desse autor é acerca da formação da "Quimbanda”. No plano material, a “Quimbanda” realmente nasceu através dos povos martirizados, entretanto, o "esterco” não foi a perversidade e sim a revolta e o ódio. Dentre essa formação, não foram apenas os povos martirizados que edificaram as colunas de Maioral; espíritos de todas as etnias foram agregados aos Reinos que evoluem incessantemente.
Quando falamos em “Hierarquia de Exu”, falamos sobre gerência, a capacidade de distribuir ordenadamente. Essa graduação demonstra que a organização das fileiras de Maioral objetiva uma otimização do sistema de embate, um máximo aproveitamento da capacidade de cada espírito e o Direito evolutivo aos mesmos.
Portanto, desde que um espírito é conduzido às sendas de Exu, sua essência é lapidada, enriquecida e preenchida com sabedoria e magia. Esse processo não pode ser medido pelo nosso tempo causal, não existe uma medida certa para que os Exus e Pombagiras permaneçam nos degraus evolutivos. Certo é que alguns despertam suas chamas internas com tamanha força que recebem títulos. Essa graduação não faz com que existam Exus Maiores e Exus Menores, pois a Quimbanda Brasileira classifica os espíritos pelo grau evolutivo que os mesmos ostentam. Jamais podemos esquecer que mesmo que existam disputas internas, existe o poder limitador e nada pode ser maior que as emissões energéticas do Grande Dragão Negro.
No começo da jornada evolutiva, os Exus são direcionados aos Reinos e Sub-Reinos donde receberão um árduo processo de decomposição e aprendizado. Quando aptos, passam a ostentar o nome do Reino e servir nas fileiras de algum Exu com grau evolutivo superior. Por exemplo: Se o espírito receber o título de “Exu de Encruzilhada”, será direcionado para a falange/legião cuja energia seja compatível com a essência individualizada. Se a energia compatível for da “Kalunga", o mesmo servirá nas “Encruzilhadas de Kalunga". Dessa forma, a essência formadora do espírito é respeitada e usada dentro das necessidades do Grande Reino.
O Exu, como todos os espíritos em vias evolutivas, pode evoluir absorvendo forças e sabedorias nas correntes energéticas astrais. Isso faz com que seus poderes se tornem mais direcionados e suas características definidas. Nesse ponto, os Exus recebem "nomes” que representam suas legiões. O “Exu de Encruzilhada" pode se tornar "Exu Tranca Rua das Encruzilhadas” ou um “Tiriri das Encruzilhadas” dentre outras classificações.
A evolução é continua e longínqua. Após o Exu ter desempenhado sua função com maestria e força, destacando-se pela busca e despertar, servindo a causa maior com dinamismo e tendo alcançado a plenitude de forças, recebe o título de “Mestre". Em alguns casos, esse título pode ser de “Mestre Sete”. O “Mestre Sete” difere-se do título de “Mestre” pela necessidade expansiva e organizacional do Reino. Os “Mestres Sete" possuem maior número de legionários pela máxima necessidade de embate que existe no Reino.
Todos os “Mestres” tem por obrigação a expansão de seus Reinos. Cada espaço do plano astral deve ser modelado de acordo com os impulsos da Vossa Santidade Maioral. Os “Mestres” são potencializadores e organizadores dessa expansão. Entendemos que expandindo os Reinos, crescem o número de passagens entre os dois mundos" e o despertar das chamas aprisionadas. Quando essa expansão atinge o número construtivo "49", ocorre a necessidade de um “Rei” zelar desse espaço. Um dos “Mestres” é eleito pelos “Poderosos Mortos" e as características nominais são elevadas ao nobre título de “Rei”. Seguindo o exemplo descrito, o “Exu de Encruzilhada da Kalunga”, evolui para “Tranca Rua da Encruzilhada da Kalunga”, “Tranca Rua das Sete Encruzilhadas da Kalunga – Mestre Sete” e “Exu Rei das Sete Encruzilhadas da Kalunga”. Assim funciona a verdadeira hierarquia de Exu e Pombagira dentro da gnose da Quimbanda Brasileira.


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