segunda-feira, 4 de março de 2019

Quimbanda audiobook parte 12









O Processo de Reencarnação na formação dos Povos de Exu

Para compreendermos a presença e a função de “Exu” na vida dos seres humanos alguns conceitos são deveras importantes.
Os seres que compõem as linhas e povos de Exu são espíritos, pois possuem todas as faculdades mentais e vivem em outro estágio da forma corpórea, todavia, já "habitaram” matérias densas (corpos) e por inúmeras vezes foram parte da história material na Terra. Esse processo de vida e morte (física) denomina-se reencarnação.
O processo de reencarnação (também chamada de transmigração ou metempsicose) é um assunto deveras complexo, pois nem todos concordam com os mesmos parâmetros, porém, a Quimbanda Brasileira enxerga a reencarnação de uma forma completamente diversa da grande maioria das correntes espiritualistas. Partimos do Resumidamente, “Carma” significa um grupo de ações que gera um determinado resultado, ou seja, trata-se da visão espiritual da Lei da Física de "Ação e Reação". Neste ponto, mister se faz o entendimento da influência moral, pois segundo a “Lei Carmática”, se o homem praticar o mal o receberá sob mesma intensidade e se praticar o bem recebe-o da mesma forma. Portanto, os conceitos de bem ou mal são relativos e condicionados à cultura, costumes e ética de cada povo, bem como à religiosidade.
O Livro Sagrado Tibetano "Bardo Thodol”, popularmente conhecido como "Livro dos Mortos” expressa que aqueles que acumulam muito "carma” negativo ver-se-ão completamente aterrorizados por demônios carnívoros (rakshas) ao passo que os que acumularem “bons Carmas” experimentarão as delícias e prazeres inenarráveis. Isso será competência de “Yama Raja ou Dharma Raja", o Juiz dos Mortos, que examinará os atos passados das pessoas com a ajuda de seu "Espelho Narrador". Em seguida, segundo seus méritos ou suas faltas, o indivíduo será encaminhado para um dos seis reinos (Lokas) para renascer ou em casos de plena "iluminação” as portas do “Útero da Vida” serão fechadas impedindo a reencarnação. No hinduísmo esse processo se chama "moksha” (a Salvação de Samsara).
O conceito Tibetano assemelha-se em alguns aspectos ao Orfismo Grego (séc. VI a.C.) que pregava sobre a imortalidade da alma que, ao reencarnar, era dividida e aprisionada no corpo físico. Segundo os atos de seus adeptos a alma ia para um suposto paraíso (Elísio) ou para uma modalidade de inferno.
O “Carma” gera nos homens o efeito “Samsara" que nada mais é do que o contínuo renascimento da alma pós-morte física seguindo a linha temporal cósmica. Talvez essa visão cíclica tenha vindo após a observação dos povos antigos acerca da linearidade que após séculos foi exaltada pelas religiões monoteístas. Existe divergência com relação ao posicionamento físico e temporal dessa transmigração, todavia, certo que necessariamente ocorrem em “Universos Cósmicos”. O sistema cármico é tão complexo que uma simples insatisfação pode resultar em longos anos numa próxima reencarnação. Mas, antes de reencarnar, o ser cósmico terá todas as suas lembranças apagadas para receber um novo invólucro material. Segundo a "Doutrina Espírita Kardecista”, o ser humano ao desencarnar não pode permanecer com as memórias de vidas passadas sob pena de viverem supostas prisões ou mesmo a ira diante a situação atual. Exemplos como o remorso de antigos crimes e atitudes cometidas, a continuidade de desafetos, situação financeira, intelectual ou física pior do que na vida anterior, a retomada dos possíveis vícios vivenciados, o apego aos laços familiares, enfim, a reencarnação garante o bom funcionamento do sistema evitando “embates” sequenciais que enfraqueceriam a emissão energética e o contínuo estado hipnótico, afinal, o descontentamento pode existir, porém, a proliferação de ideias libertadoras torna-se um problema dentro do escravismo.
A revolta contra o Criador e o sono hipnótico faria com que os seres humanos se afastassem das correntes religiosas e, muito possivelmente, se tornassem seres agnósticos ou ateus desprovidos de dogmas e ética religiosa.
Na mitologia grega, as águas do rio "Lethe” ao serem sorvidas pelas almas apagavam todas as lembranças e insatisfações, mantendo-as no estado hipnótico de melancolia até o momento de reencarnarem. Isso demonstra que o "homem de barro” hipnotizado e alienado deve continuar nesse estado letárgico sem direito à ascensão e libertação espiritual consciente.
Todo dogma (ponto religioso indiscutível) ou rígida conduta ética causa no homem uma estagnação, pois não existe horizonte a ser desvendado. Um exemplo clássico de aprisionamento é descrito nos ditames bíblicos no livro de Êxodo. Os “10 Mandamentos" são um conjunto de regras usadas para cercear, manipular e conduzir o povo. Se o homem, cuja personalidade está enraizada em tais “Leis” cobiçar uma linda mulher comprometida será punido pela sua própria consciência e, se esse sentimento tomar rumos condenatórios, certamente estará criando um novo “Carma” para si. Qualquer situação que fugir ao código bíblico faz com que o homem “aprisionado” se perca nas sendas e torne-se “alvo” para punições e temores. Esse homem fiel é um ser manipulável, um "gado” que vagueia nos lindos campos cercados e só tem direito de procriar e trabalhar para subsistir.
Nem sempre libertar um escravo é simples, pois milênios de escravidão suprimem a liberdade de tal forma que o espírito reencarnado acredita que a conduta religiosa está correta e justa e que nada mais serve como parâmetro na busca pelo Divino. Certamente esse homem será vítima dessa cegueira e vagará melancolicamente no pós morte aguardando uma nova oportunidade de estar na matéria. A escravidão faz parte da construção do mundo material, assim como o sono profundo (motivado por inúmeras fontes) impede o esclarecimento acerca de tais prisões. Esse é o principal foco que os “Povos de Exu” combatem; a inércia e o aprisionamento dos seres humanos.
Como já descrito em outros textos, os espíritos que receberam o título de “Exu ou Pombagira” foram arrebanhados pelos Reis e Rainhas das Sagradas Sete Legiões em algum momento de transição no processo pós-morte. Foram instruídos e treinados nas mais variadas artes mágicas, receberam a abertura de toda memória ancestral e conseguiram burlar os vórtices da reencarnação.

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