sábado, 2 de março de 2019

Quimbanda audiobook parte 08










A Transformação

1. O Culto aos Mortos.
O povo africano tem uma relação com os mortos que vai de encontro com as práticas e concepções cristãs. Morrer significa uma mudança de estado, do plano de existência e principalmente de status. Os mortos, principalmente os ancestrais genealógicos, são objeto de culto e veneração e, através de rituais mortuários específicos, são trazidos de volta a esse mundo para corroborarem com nossos atos e nossa consciência. Os mortos, chamados pelos Bantus de Makungos e pelos Yorubás de Egúns são espíritos que possuem consciência até serem levados às correntes naturais onde perderão suas identidades e passarão a fazer parte de outra classe de espírito ou serem assentados para conduzir determinadas expressões religiosas. Até que cheguem a esse ponto evolutivo, podem interferir na vida dos sucessores. Como a religiosidade africana é muito rica e detalhada e não é esse o foco dessa obra, nos restringiremos apenas às informações necessárias para a formação de nossa corrente.
Os Exus cultuados na Quimbanda, salvo os Tronos, são espíritos que tiveram diversas passagens materiais, portanto, o Culto dos Mortos da Quimbanda é fruto dessa herança necrosófica africana somada às práticas magísticas/religiosas indígenas e europeias. Entendemos que os primeiros mortos que deram origem ao que concebemos como Quimbanda eram espíritos de sacerdotes, sacerdotisas e adeptos religiosos africanos, indígenas e europeus (bruxas/bruxos de Tradições Medievais) extremamente despertos e revoltados, que por possuírem pleno controle das diversas correntes energéticas se renegaram prosseguir pelos planos astrais e se manifestavam através do Culto aos Mortos.

Os Mortos recebem títulos

Esú, desde antes da vinda ao Brasil Colônia era associado ao mal e ao regente diabólico Satanás. De forma mais ampla, o culto africano era visto como bruxaria e feitiçaria maligna pelos colonizadores europeus.
A princípio, os cultos afros eram realizados de forma bem oculta, pois se dessa maneira não o fosse, os africanos receberiam duras sansões. Os locais de culto eram mata adentro, sempre guardados pelos votos de silêncio dos adeptos e pela discrição daqueles que os procuravam. Inevitavelmente, em alguns locais, os espíritos se comunicavam através da posse, ou melhor, da incorporação. A porta” espiritual aberta aos mortos dava vazão tanto aos atrelados à falsa luz' quanto aos obscurecidos.
Foi através do contato com esses espíritos que o nome Esú passou ser usado como título que diferenciava essa classe espiritual. Isso ocorreu por uma soma de motivos
A conduta rebelde, irreverente e sensual que esses espíritos assemelhavam ao Senhor do Movimento (Esú); O controle sobre o elemento fogo e a voracidade em busca de energia vital. A agressividade que os diferenciava dos demais espíritos; A falta de conhecimento de algumas pessoas que tinham contato com as práticas espirituais proibidas e associaram esses espíritos ao diabo, que no culto era popularmente conhecido como Esú. Essas pessoas, através da disseminação oral, fizeram com que essa figura se tornasse ainda mais popular: O uso dessas manifestações por alguns sacerdotes para impingir terror em seus algozes.
Assim, fica claro que o Exu, chamado na atualidade de "Exu-Egúns" ou “Exu Catiço” nasceu dentro do Culto aos Mortos (Egúns) e ultrapassou a esfera este que diferenciava as Nações.


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Alfavaca

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