Exu e o Símbolo fálico
Ao longo da era paleolítica (2.500 a.C.), os homens erigiram
monumentos em pedra lascada e, dentre tais, encontram-se os primeiros
monumentos fálicos (adoração). Tais monumentos retratavam a virilidade, força e
adoração, haja vista que todo processo de reprodução era dependente do espírito
que mantinha o falo em posição ereta. O falo representa a energia dinâmica e
ativa que capacita a condução da vida produzida dentro da bolsa escrotal.
Importante salientar que o culto fálico não é patriarcal,
haja vista que os totens sempre exibem falos eretos e aptos à copular.
Portanto, o falo depende de uma contraparte feminina pronta à receber o sêmen e
iniciar a jornada de criação.
No nosso sistema, Exu representa o poder dinâmico. Tudo que
é construído no mundo sobrenatural e no mundo natural está relacionado com a
ação de Exu. Sem a mobilidade desse Rei na vida dos seres humanos tudo ficaria
estagnado, preso e sem circulação. Segundo a cultura Nagô, um indivíduo sem Esú
não existiria de forma individualizada, ou seja, os seres não poderiam se
desenvolver, evoluir, adquirir libertação e principalmente o direito de seguir
pela senda que desejasse.
Portanto, cada pessoa tem seu Exu; um mestre designado para
acompanhar a senda evolutiva individual, cujo poder está dentro de tudo que
está no âmbito material e espiritual. Dessa forma, sendo um mentor e executor,
cabe a Exu o direcionamento dos seus filhos, abrindo ou fechando caminhos,
favorecendo, mobilizando e corroborando na evolução.
Em sua essência, Exu é o portador mítico do sêmen e da forma
uterina ancestral e sua força dinâmica sintetiza as uniões. Portador da
interação rege as atividades sexuais e possui como principal símbolo de poder o
"Ogo", a forma fálica em forma de bastão que carrega em sua mão como
cetro de poder e as cabaças pequenas que representam os testículos. O 'Ogo”
simboliza um pênis ereto, pronto para ter relações e apto para descarregar o
sêmen que fecundará os caminhos. O pênis também é chamado de “Okane” pelos
adeptos dos cultos afros.
Muito provavelmente, os primeiros cristitas que tiveram
contato com tal símbolo fálico ficaram horrorizados ao deparar-se com o culto
ao falo ereto. Esse foi um dos principais motivos geradores da associação de
Esú com as repudiadas formas demoníacas cristas que corromperam lindos seres
como “Priapo” e “Pan”.
Na Quimbanda Brasileira, os Exus que se manifestam através
da incorporação não costumam fazer uso dessa ferramenta, pois a mesma pertence
ao culto de Èsú Orisá, todavia, nos assentamentos a forma fálica é usada. A
exaltação máxima ao culto fálico na Quimbanda Brasileira ocorre através do
simbolismo nos ritos de sacrifício, onde o “Ogo" assume a forma de “Obé”
(faca ritualística) e o sêmen é o próprio sangue (Kiday). Ao imolar o pescoço
de um animal, o “Obé” reproduz o movimento contínuo do pênis adentrando na
vagina e ao jorrar o sangue, atinge-se o êxtase da relação e a própria
fecundação.
No culto de Èsú, outras representações também simbolizam o
totem fálico. A flauta, o cachimbo e o próprio charuto assumem conotações
sexuais. São instrumentos de deslocação que absorvem e expulsam cujas funções
são a descendência (Mestre do passado, presente e futuro) e invocar a
reprodução (que não pode ser confundida com procriação).
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