Visão de Exu na Quimbanda Brasileira
Transição entre o Esú Orixá e o Exu-Egún ou Exu-Catiço
Boa parte das pessoas que procuram Exu desconhece a
trajetória sócio-religiosacultural desses espíritos. A Quimbanda Brasileira
acredita ser de extrema importância elucidar os pontos vagos costumeiramente
levantados em discussões religiosas, pois dessa forma construímos uma concepção
forte acerca do maior pilar de nossa crença.
A primeira questão que devemos levar em consideração sobre a
formação da Quimbanda está na multiplicidade de fundamentos dentro de seu
contexto. O nome 'Quimbanda deriva de uma adaptação linguística da palavra
'Kimbanda' (origem Bantu), mostrando uma clara alusão à religiosidade vinda
desses povos. Porém, a Quimbanda tem como base o Culto a Exu. Exu, por sua vez,
é uma palavra adaptada a partir da palavra Esú cuja origem é Yorubá. Isso
demonstra que o Culto da Quimbanda Brasileira tem em sua veia africana duas
vertentes construtoras, por mais que os conservadoristas não apoiem essa
concepção.
Historicamente, sabemos que o povo Bantu foi o primeiro que
aportou em terras brasileiras na condição de escravo. Dessa forma, foram os que
mais conviveram/ sofreram dentro das senzalas e, consequentemente, os mais
vitimados pelos impactos do sincretismo religioso católico. Por terem chegado
antes (estima-se cerca de 200 anos) das demais etnias, foram submetidos a um
processo de "desafricanização" muito mais intenso que os outros povos
e muitas Tradições foram perdidas ao longo desse processo. A intensidade da
escravidão foi abrandada ao longo dos séculos e quando chegaram os escravos de
procedência Nagô/Yorubá encontraram um palco um tanto quanto “mais brando” para
exercer sua cultura e tradição religiosa conseguindo desenvolver sua fé com
perseguições e imposições menos intensas. Por al motivo, a cultura Yorubá teve
uma maior evidência e acabou influenciando de modo as nações Congo/Angola,
principalmente no resgate da religiosidade massacrada por cerca de dois
séculos). A intensa troca cultural entre os povos fez com que houvesse inúmeras
fusões culturais e podemos ver fragmentos em ambas as correntes. Os cultos
afro-brasileiros como conhecemos hoje são frutos da adoração de culturas
africanas distintas, pois foram recriados se adaptando às novas condições. (Na
atualidade, a intensidade dessa fusão diminuiu muito, pois liberdade de culto
permitiu aos sacerdotes e sacerdotisas de ambas vertentes buscarem com vigor e
intensidade o resgate suas origens).
Como a Cultura Yorubá se difundiu com mais intensidade, o
nome do Deus Exu (bem como os demais Orixás) tornou-se muito mais popular que
seu correlato Bantu - Aluvaiá. O que não pode deixar de ser lembrado é que
antes de aportar em terras brasileiras Esú já era associado ao Satanás Bíblico,
bem como a outras forças de oposição (em partes isso ocorreu com o Povo Bantu
também, através da conversão do Rei do Congo "Manikongo” à fé cristã que
iniciou o processo de demonização do culto ancestral). Acreditamos que a
expansão do nome EXU ocorreu por três fatores marcantes:
1. A maior visibilidade dos cultos Yorubás;
2. A forma mais humanizada que os Deuses Yorubás se
apresentava, haja vista, que as forças cultuadas pelos Bantus eram uma espécie
de divinização da natureza e seus Deuses, ao contrário dos Yorubás, não tiveram
uma suposta vida material;
3. A beleza e exuberância dos cultos Yorubás que
contrastavam com a simplicidade da indumentária usada pelos Bantus e atraiam um
maior número
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